Museus e Povos Indígenas: Espaço Para o Diálogo Intercultural

11/05/2012 13:34

MESA REDONDA

 MUSEUS E POVOS INDÍGENAS: ESPAÇO PARA O DIÁLOGO INTERCULTURAL

O Projeto Museu em Curso deste mês é uma realização Museu de Arqueologia e Etnologia Professor Oswaldo Rodrigues Cabral/MArquE – UFSC, da Graduação em Museologia – UFSC, do Instituto Brasil Plural  e  do Museu Amazônico – UFAM

 

Seis dias após a abertura da exposição Ticuna em Dois Tempos, estaremos diante de novo evento que busca imergir e compartilhar do mundo pensado e vivido pelo povo Ticuna, a partir de olhares de dois antropólogos-pesquisadores atuantes e comprometidos com os direitos dos povos indígenas, bem como de um influente Ticuna. Trata-se da mesa redonda intitulada “Museus e povos indígenas: espaço para o diálogo intercultural”, da qual participarão os docentes João Pacheco de Oliveira e Priscila Faulhaber, e o diretor do Museu Magüta, Nino Fernandes.

Palestrantes:

 

João Pacheco de Oliveira é Professor Titular do Museu Nacional, curador das coleções etnológicas do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social e docente do PPGAS/MN/UFRJ. Foi presidente da Associação Brasileira de Antropologia/ABA entre 1994 e 1996 e por diversas vezes exerceu a função de coordenador da Comissão de Assuntos Indígenas, função pela qual responde também na atual gestão.

João Pacheco de Oliveira trabalha com os Ticuna desde a década de 1970. Foi um dos fundadores e primeiro presidente do Maguta: Centro de Documentação e Pesquisa do Alto Solimões, entidade criada em 1986, que deu origem ao atual Museu Magüta, administrado pelo movimento indígena, por meio do Conselho Geral da Tribo Tikuna/CGTT. Sua dissertação, intitulada As Facções e a Ordem Política em uma Reserva Tükuna, data do ano 1977 (UnB). Sua tese denomina-se “O Nosso Governo”. Os Ticuna e o Regime Tutelar. Defendida em 1986, na UFRJ, foi publicada em 1988.

Na década de 1990 volta-se também para melhor compreensão dos contextos vividos pelos povos indígenas da região Nordeste, resultando, dentre outros, na formulação da categoria processo de territorialização, “definida como um processo de reorganização social que implica: 1) a criação de uma nova unidade sociocultural mediante o estabelecimento de uma identidade étnica diferenciadora; 2) a constituição de mecanismos políticos especializados; 3) a redefinição do controle social sobre os recursos ambientais; 4) a reelaboração da cultura e da relação com o passado.”

Suas publicações somam volumosa quantidade de livros, artigos, textos jornalísticos etc.

Priscila Faulhaber é pesquisadora da Coordenação de História da Ciência do Museu de Astronomia e Ciências Afins e pesquisadora-associada do Museu Paraense Emílio Goeldi, de Belém/PA. Atua como professora do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal do Amazonas e do Programa de Pós-Graduação em Museologia da UNIRIO.

Sua dissertação, denominada Índios Civilizados. Etnia e Alianças em Tefé, data de 1983 (UnB) e foi transformada em livro quatro anos depois. O Navio Encantado. Etnia e Alianças em Tefé enfoca o contexto das relações interétnicas entre os povos Miranha, Matsé (Mayoruna) e Cambeba e vários segmentos da sociedade envolvente na região de Tefé, no Médio Rio Solimões, Amazonas. Sua tese, O Lago dos Espelhos. Um estudo antropológico a partir do movimento dos índios de Tefé/AM, de 1992 (Unicamp), publicada em 1998, oferece exame sobre o entendimento de fronteira étnica, definida a partir da territorialidade indígena na situação produzida com a demarcação das terras indígenas no Médio Solimões.

A partir do projeto de pesquisa Os índios ticuna e a coleção Nimuendaju do Museu Goeldi, sob sua coordenação, foi criado o Banco de Dados com as peças Ticuna da Coleção Nimuendaju do Museu Paraense Emílio Goeldi, disponibilizado no CD-ROM Magüta Arü Inü. Jogo de Memória: Pensamento Magüta (Belém, Museu Goeldi. Prêmio Rodrigo de Melo Franco de Andrade na categoria Inventários de Acervos e Pesquisa, Brasília, IPHAN, 2003). A análise das correlações entre a iconografia das máscaras ticuna da Coleção Curt Nimuendaju (1941/1942) e a mitologia exposta na monografia deste etnólogo (1952) remete, como escreve a autora, “à análise da performance do ritual de puberdade feminina no que toca à liminaridade, cuja simbologia abrange as temáticas da fertilidade da mulher e da natureza, da complementaridade das metades, da passagem do tempo, das obrigações sociais da mulher e da organização dos papéis e lugares na organização social Ticuna.”

 

Suas publicações somam volumosa quantidade de livros, artigos, textos jornalísticos etc.

 

O Ticuna Nino Fernandes responde pela direção do Museu Magüta, o primeiro museu indígena do país que, em 1996, foi premiado pelo International Commitee on Museums (ICOM) e em 1999 foi tema de uma grande exposição realizada no Tropenzmuseum (Museu Tropical) em Amsterdam.

Nino Fernandes recebeu a Ordem do Mérito Cultural do ano de 2005 do Presidente Lula e do Ministro da Cultura Gilberto Gil. Em 2007 foi agraciado com a Comenda da Ordem do Mérito Cultural, entregue pelo presidente Lula. Em dezembro de 2008 lhe foi auferido o Prêmio Chico Mendes, outorgado pelo Ministério do Meio Ambiente.

Povo Ticuna

1.    Autodenominação – Magüta

2.    Língua e família linguística – Ticuna

3.    Quantos são – totalizam cerca de 52.000 pessoas

4.    Onde habitam – no Brasil, Colômbia e Peru. No Brasil a maioria ocupa a região do Alto Solimões, ocorrendo também presença no médio e no baixo curso do rio Solimões, estado do Amazonas

5.    Terras Indígenas no Brasil – atualmente somam 28. Homologadas e registradas: 20; homologadas: 03; declaradas: 04 e em identificação: 01

 

Vivem em mais de uma centena de aldeias e atualmente algumas famílias habitam também centros urbanos como, por exemplo, Benjamin Constant, São Paulo de Olivença, Beruri e Manaus.

Integrantes do povo Ticuna se encontram em processo de escolarização nas aldeias ou fora delas, o que inclui o ensino superior, com ingresso em diversos cursos, incluindo os de Licenciatura Intercultural Indígena, da Universidade Estadual de Amazonas (UEA) e Universidade Federal de Amazonas (UFAM). Tendo em vista ser crescente esse processo de escolarização, os Ticuna criaram a Organização Geral dos Professores Ticunas Bilíngues (OGPTB) em dezembro de 1986.

 

Em sua vigorosa postura por autodeterminação e por reconhecimento de seus direitos territoriais instituíram em 1982 o Conselho Geral da Tribo Ticuna (CGTT) e posteriormente, em 1990, o Museu Magüta, localizado no município de Benjamin Constant, Amazonas.

Fonte:

Instituto Socioambiental (http://www.socioambiental.org.br/)

 

 

 

 

Serviço:

O quê: Museu em Curso, Mesa Redonda – Museus e Povos Indígenas: Espaço Para o Diálogo Intercultural.

Quando: 15 de maio de 2012, das 16h às 18h

Onde: 2. Piso do Pavilhão Antropólogo Sílvio Coelho dos Santos / MArquE – UFSC

Campus Universitário Reitor João David Ferreira Lima, s/n – Trindade – Florianópolis.

Quanto: Entrada franca

Informações: 48 3721-8604 ou 9325

E-mail: ufsc.mu.museologia@gmail.com

Serão fornecidos certificados